
MITOS E VERDADES DA TERAPIA MANUAL
Com tantas informações e técnicas manuais disponíveis para o fisioterapeuta brasileiro, procuramos destacar dentro de alguns argumentos tradicionais, aquilo que é antigo e mitológico daquilo que é novo e científico.
1. Na Terapia Manual as mãos do terapeuta devem estar em contato com o paciente.
Verdade. O contato das mãos do terapeuta é necessário para que a técnica produza um efeito terapêutico real (e não apenas o efeito terapêutico inespecífico, como aquele produzido pelo placebo). Portanto, técnicas como "Reiki" ou "Toque terapêutico" onde não existe o toque das mãos com o paciente, não são consideradas Terapia Manual. Técnicas que se utilizam apenas de instrumentos, como é o caso da acupuntura, também não se enquadram nesse grupo.
2. Minha vértebra está rodada e eu preciso de uma manipulação para colocá-la no lugar.
Mito. Ainda que o conceito seja popularizado e difundido por algumas escolas de Terapia Manual, sabemos com base em estudos científicos atuais que a posição de uma vértebra pode não ter nenhuma relação com disfunção. O corpo humano é assimétrico por natureza, e não simétrico. Pessoas normais, sem problemas de coluna, têm vértebras com alterações em sua morfologia ou posição (1,2,3,4). Alterações em discos intervertebrais também são achados clínicos comuns. Pessoas normais com frequencia têm protrusões de discos, sem apresentar dor ou disfunções do tecido neural adjacente (5,6). Enquanto a posição de um segmento espinhal não é importante, seu movimento sim o é. Um segmento em disfunção terá uma alteração na quantidade e na qualidade do movimento (hipomobilidade ou hipermobilidade) e/ou dor durante este (7,8). O objetivo do terapeuta, deve ser então, avaliar e tratar a MOBILIDADE da vértebra, e não sua posição.
3. Por ser aplicada com as mãos, a Terapia Manual não tem riscos ou contraindicações.
Mito. Todo procedimento terapêutico, desde repouso até uma manipulação cervical, tem contraindicações. Ainda que muitos ensinem apenas os benefícios "fantásticos" das técnicas, quando mal aplicadas, estas também podem ser lesivas. O fisioterapeuta deve aprender a Terapia Manual com profissionais com formação acadêmica adequada, que sabem apropriadamente instruir sobre a segurança de sua aplicação.
4. A Terapia Manual deve ser aplicada com força para se "colocar no lugar" algo que estava "fora do lugar".
Mito. Parte da afirmação é meia verdade já que em alguns casos de subluxação uma técnica manual pode relocar um segmento deslocado (ex: subluxação de cubóide (9)). Entretanto, sabemos que na maioria dos casos não há alteração da posição de um segmento ou articulação após a aplicação de técnicas manuais (mas há redução dos sintomas e melhora do movimento) (10). Não se pode negar que os efeitos mecânicos existam (e aí se inclui melhora da perfusão do liquido sinovial, rompimento de adesões, etc), mas atualmente sabemos que os efeitos neurofisiológicos são potentes e são cada vez mais considerados como explicação para a resposta produzida pelas técnicas. Durante estas há uma estimulação sensorial aferente dos receptores de articulações, músculos e pele que entram no corno dorsal da medula, induzem atividade nos circuitos locais espinhais, e ascendem para os centros cerebrais superiores onde ativam núcleos que modulam a dor, tônus muscular e atividade do SNS (11,12,13). O resultado é a melhora da dor, do movimento e da reparação tecidual (14,15).
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